MATERNIDADE E VIDA ACADÊMICA


Por em 18 de fevereiro de 2022



Na quarta-feira (16), o projeto de extensão pobreza menstrual debateu os direitos das mulheres grávidas da comunidade acadêmica, a Lei 6.202/75 – que garante o direito das gestantes em situação estudantil e a papel dos objetivos de desenvolvimento sustentável.

A aluna voluntária do referido projeto, Otamires Farias, trouxe sua experiência materna e puerpéria durante a vida estudantil. Ela pontuou “que as mulheres estão em maior quantidade nas escolas, nas universidades e nos cursos de qualificação, e mesmo diante de todas essas conquistas, ainda existe bastante preconceito”. Para ela, que já sofreu alguns julgamentos, “é importante a gente conhecer os nossos direitos, porque o preconceito realmente existe”, e reforça a necessidade das estudantes não desistirem da vida acadêmica, apesar de todas as dificuldades existentes durante e pós a gravidez.

Para a Assessora Chefe ODS UEMA, Ariadne Enes, “os ODS´s que perfazem um total de 17, trazem, cada um, uma identidade política voltada para as problemáticas do mundo”. “Como proporcionar e ter condições de estar em sala de aula, se nós não temos garantido o valor nutricional? Tanto para a mãe, como para a criança?”, com essas duas perguntas a assessora começa a explicação sobre os direitos das mulheres grávidas na universidade, contextualizando com cada temática dos ODS.

A assessora-chefe afirma que o primeiro objetivo relacionado ao tema é o ODS 2 – “Fome Zero e da Agricultura Sustentável”. “A mulher precisa ter uma boa alimentação, assim como no pós parto, durante todo o período de amamentação, ela deve ter condições de ter uma alimentação para amamentar e depois para a alimentação do seu próprio filho, completa”.

O segundo ODS referido, que especifica sobre Vida Saudável e Qualidade de Vida para as pessoas, é o ODS 3, que aponta para o direito à saúde das mulheres, que tenham sua saúde garantida, como mencionado acesso à assistência pública, quando possível pela assistência particular. Estamos falando da saúde mental e do corpo, tanto para a mulher como para a criança.

O terceiro ODS destacado, traz a temática principal, isto é, a maternidade na vida acadêmica por meio do ODS 4 “Educação de Qualidade”, onde que se pretende que essa educação de qualidade seja igualmente inclusiva. Quando se trata de baixo poder aquisitivo e mulheres negras essa situação e contexto se agravam, retratando um grupo de vulneráveis. Para Ariadne “ofertar educação de qualidade é fundamental para que as mulheres tenham acesso a um processo formativo que as qualifique para o mercado de trabalho e, a partir daí, aumente suas possibilidades de ingresso no mercado de trabalho, seja como assalariada ou como autônoma”.

O quarto e último objetivo destacado é o ODS 5, sobre Igualdade de Gênero, afirmando que “devemos respeitar a maternidade, enquanto docentes da Universidade Estadual do Maranhão, não somente por sermos mulheres, e independentemente da nossa definição sexual, mas porque precisamos respeitar toda a academia e tornar públicas essas políticas garantindo que a essas alunas seus direitos, e o acesso ao amparo do exercício domiciliar”.

Ariadne finaliza afirmando que “esses pontos que nós já tratamos no nosso dia-a-dia são problemáticas internacionais, e trazem para nossa reflexão temáticas muito próximas, que todos temos as mesmas dificuldades, e precisamos entender que a pauta dessa agenda internacional se aproxima da realidade de todos nós porque foi baseada nas problemáticas dos mais vulneráveis”, finaliza.

Para a aluna voluntária do projeto, Fabíola Brambati, “é necessário ressaltar a importância do projeto e do tema”. Para ela “é um tema que vem crescendo e cada dia ganhando mais espaço de discussão, concretamente, sobre a abordagem da pobreza menstrual. “É necessário quebrar o tabu, se discutir sobre menstruação e trazer uma certa conscientização para quem sempre foi privilegiado, e despertar a empatia para com a realidade dessas pessoas”, afirma. “O projeto também já falou sobre os coletores menstruais e devemos falar mais”, completa.

Fabíola apresentou uma pesquisa sobre a evasão escolar realizada em parceria com o Ministério da Educação, a Organização dos Estados Ibérios Americanos e a Faculdade Latino-Americana de Ciência, que apontou para 18,1 % de desistência estudantil, indicando a gravidez como principal motivo de parar de frequentar a escola. Ela lembra que nesse momento nem todos vão ter uma rede de apoio e a maioria vai pensar em desistir. “Por não conhecer seus direitos é que essas mulheres desistem, acontecendo muita evasão escolar por falta de conhecimento, pela falta de saber se têm direitos regulamentados ou não”, finaliza.

Para Marília Albuquerque, da Coordenação de Assuntos da Comunidade Estudantil – CASE/PROEXAE, o auxílio creche é o maior projeto inclusivo que a instituição tem, hoje em dia. Ele um dos programas mais consolidados de todas as universidades estaduais brasileiras. Ela ressaltou a importância de se discutirem os regimentos dos cursos de graduação da universidade no seu dispositivo 182, que trata exatamente do exercício domiciliar, um tratamento excepcional para estudantes, não somente em caso de gestação ou maternidade, mas também em casos de doenças entre outros.

Por Elitiel Guedes/ODS



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